terça-feira, fevereiro 08, 2005

no murmúrio de um dia cheio de rostos

morrer lentamente
encostado às manhãs frias


com cheiro pestífero de corpos humedecidos
pelos fumos das noites ardidas


os ruídos entram pelas frinchas
e raspam as paredes macilentas
do quarto tíbio


sinuosas sombras bailam no silêncio
alteradas pelo ensejo


só, assumidamente
parei na fria manhã de qualquer lugar
expulsa de saudades


o rapaz que atravessa a rua
ausente das horas leves
mergulha no tempo vazio, sem nexo
como se carregasse o peso do dia


a respiração arrasta-se
pelas esquinas
num regresso ao isolamento


uma voz embalada enegrece na manhã



l.maltez

2 comentários:

Anónimo disse...

Talvez o que o poema me diz não seja o que tu me irias dizer mas isso não é o mais importante. Gostei do poema e da forma como me revi nele *

AlgoTeu

Anónimo disse...

Adoro vaguear neste teu recanto!
Parabéns pela partilha.

beijinho

rosto...

  rosto em silabas as artérias estão vazias dentro de mim. escuto gritos sucessivos e a sede é abandono em dias inúteis. o tempo é...